LINHA DO TEMPO – MIGRANTES

Esta linha do tempo apresenta a cronologia da arte de 56 mulheres que migraram para Belo Horizonte a partir dos anos 1990. Elas chegaram em diferentes épocas e tiveram experiências diversas na cidade. Conheça cada uma delas abaixo, mergulhando em suas histórias e vivências.  

Eva Florencia Gonzalez

1992
Argentina
Artes visuais
De 1992 ao dias de hoje
Chegou ao Brasil pela primeira vez em 1986, e pela segunda vez em 1992. Ela é artista visual e artesã, estudou Belas Artes na Argentina, mas não concluiu. Fez curso de cerâmica, teatro e mímica, e deu aulas de ateliê para crianças, e por muitos anos trabalhou com artesanato em arame, couro e linhas. Atualmente cursa Ciclo de Poéticas na escola Arena da Cultura. Nasceu em Buenos Aires, na cidade de Quilmes e conheceu várias cidades mineiras, tendo escolhido morar em Belo Horizonte junto a seu marido, também artista plástico e artesão, hoje falecido. Participou de uma associação de artesãos em 1996 e sempre se interessou pelo trabalho artístico, no começo por gosto, e depois pelos estudos de Belas Artes.
Meu gosto pela arte foi o impulso e a sobrevivência, já que num país com a língua e costumes diferentes me levaram à necessidade de trabalhar com artesanato e desenhos ou pinturas. Belo Horizonte é o centro de todas as artes, o melhor lugar de difusão da arte.

Yubi Torres Contreras

1995
Cuba
Bailarina e artesã
De 1995 aos dias de hoje
Chegou a BH no final do ano de 1995, com uma companhia de dança. Foi bailarina de dança folclórica cubana e danças modernas como salsa, merengue, rumba e outras. Fez parte da Associação Cultural José Marti e da Casa Latina, instituições sem fins lucrativos nas quais se envolveu com trabalhos e projetos de divulgação da cultura latino-americana. Se formou professora de dança, desenvolveu e aprimorou sua arte, e participou também do grupo Sarandeiros da UFMG, projeto do qual se sente lisonjeada em ter feito parte. Atualmente,ela desenvolve atividades de artesanato, mas sente falta de uma casa cultural próxima de sua comunidade, onde possa fazer algum trabalho e se reaproximar da dança afro-cubana.
Quando cheguei aqui, por causa de muitos motivos, por causa de preconceitos, por causa de religião, eu fui me afastando não das minhas origens, mas da minha cultura. E essa cultura precisa ser divulgada, porque através da arte a gente se desenvolve em muitas coisas, traz inteligência, alegria.

Rosa Maria Villarrial Telles

1995
Cuba
Música - cantora e compositora
De 1995 aos dias de hoje
“La flor de la Unión Latina”, como ela é carinhosamente chamada pelos companheiros de banda, é uma mulher negra, cubana, nascida em Manzanillo. Cantora e compositora, o sonho de conhecer o Brasil se concretizou em uma turnê que fez com a orquestra “Regalo de Cuba”. Na capital mineira, ela encontrou outros artistas, com os quais fundou, em 2004. Entre as experiências mais marcantes, Rosa se orgulha da produção do disco “La Negra Tierra”, da Unión Latina, do show que fizeram no Galpão 104 e da participação da banda na Virada Cultural, em um show lotado. Durante a pandemia, com a impossibilidade de eventos presenciais, Rosa encontrou uma outra forma de se expressar: o crochê. Costurando máscaras e tecendo golas e outras peças, ela se orgulha do trabalho manual, pelo qual tece sonhos, e da vida dedicada à música, que está não só espalhada pelo mundo, mas também dentro de si.
BH sempre foi uma cidade muito querida por nós que viemos na turnê. Apesar de termos viajado muito, sempre retornávamos para cá. No começo da música “La Negra Tierra”, mesmo, eu falo: Belo Horizooonte!” - uma homenagem à cidade.

Fernanda Ocanto

1996
Venezuela
Arte e arte-educação
De 1996 aos dias de hoje
Nascida na Venezuela e de família materna mineira, chegou ao Brasil em 1996. Na adolescência, sua forma de falar a língua foi motivo de bullying e outras questões relativas à xenofobia. Através de distintas expressões como pintura, escultura, performance, gravura, serigrafia e estêncil, oferece um processo artístico conceitual e militante, que fala sobre o corpo da mulher e o desejo, da perspectiva de uma mulher lésbica não-binária, procurando quebrar a invisibilidade histórica do que é a mulher e questionando o que a sociedade dita sobre ser mulher.
Meu sonho é que as pessoas se sintam contempladas pelo trabalho, que ele sirva como bandeira de defesa dos direitos das mulheres, dar visibilidade às mulheres lésbicas e que traga luz para esses lugares que foram apagados pela história. Que ocasione transformações positivas.